Tema faz parte da pesquisa premiada no 14º Congresso Mundial sobre Controvérsias em Obstetrícia, Ginecologia e Infertilidade, realizado em Paris
Por Aline de Cássia Azevedo*
Muito se fala sobre a endometriose, uma doença que acomete frequentemente mulheres com idade entre 25 e 35 anos. Há muitas teorias que tentam explicar o surgimento desta moléstia, que ainda é indefinido. Alguns estudos demonstram um fator genético importante para o desenvolvimento do problema. Também se discute que o estilo de vida da mulher moderna, com estresse e ansiedade, pode estar relacionado. Porém, até o momento, a relação entre estes fatores e a endometriose ainda não está provada.
Cerca de 30% das mulheres com infertilidade tem a endometriose como causa principal. Ela compromete qualquer etapa do processo reprodutivo, desde a foliculogênese (formação do óvulo), fertilização, transporte tubário até a implantação do embrião.
A origem da endometriose ainda é debatida pela Ciência, mas sabe-se que espécies reativas de oxigênio estão envolvidas e podem formar aderências que dificultam a gravidez.
As espécies reativas de oxigênio são formadas durante a conversão do oxigênio em água dentro das células, na cadeia respiratória. Este processo ocorre normalmente, a todo instante. O que faz com que uma espécie reativa de oxigênio seja prejudicial ao organismo é o seu excesso, ou seja, quando as nossas defesas antioxidantes não conseguem manter o equilíbrio dentro célula. Este excesso de espécies reativas de oxigênio é conhecido como estresse oxidativo, que pode danificar proteínas, lipídeos e DNA. Uma das principais espécies reativas de oxigênio é o superóxido e este foi o alvo da nossa pesquisa.
Com o objetivo de contribuir para o entendimento da endometriose, que cresce a cada dia, desenvolvemos um estudo que mostrou que as pacientes com endometriose possuem elevados níveis de superóxido no endométrio, o que poderia implicar no desenvolvimento e progressão da doença. O intuito do trabalho foi comparar os níveis de superóxido no endométrio de pacientes com e sem endometriose.
A pesquisa foi realizada com um grupo de 10 mulheres em tratamento no Setor Integrado de Reprodução Humana, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), sendo cinco com endometriose e as outras não apresentavam a doença, com idades entre 21 e 37 anos. Foram analisados os tecidos endometriais de todas as pacientes, por meio de biópsia do endométrio.
Após a análise, foi possível constatar que pacientes com endometriose possuem quatro vezes mais superóxido no endométrio quando comparado com as pacientes sem endometriose. De acordo com estes dados, este estudo pode colaborar para o esclarecimento da origem, desenvolvimento e a progressão da endometriose, doença muito frequente e que causa danos irreversíveis na função reprodutiva da mulher.
A pesquisa foi premiada no 14º Congresso Mundial sobre Controvérsias em Obstetrícia, Ginecologia e Infertilidade, realizado em Paris, em novembro de 2011.
O grupo de trabalho foi formado pela equipe da Fertivitro, professores do CEDEME (Centro de Desenvolvimento de Modelos Experimentais para Medicina e Biologia da Unifesp), do departamento de Ginecologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e Glickman Urological Institute da Cleveland Clinic.
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* Aline Azevedo, phD – embriologista e coordenadora do Programa Opportunity da Fertivitro — Centro de Reprodução Humana. A especialista recebeu o Prêmio Jovens Cientistas em Paris.
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