A injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI) é sem dúvida uma das grandes revoluções da medicina reprodutiva e das clínicas de fertilização da última década.
A ICSI ou FIV com ICSI é uma técnica voltada para o tratamento da infertilidade masculina severa. Ela consiste na introdução, através de uma micropipeta acoplada a um microscópio invertido, de um único espermatozoide dentro do óvulo com o intuito de formar um embrião.
Nós sabemos que ainda é muito difícil para a maioria dos homens falar sobre infertilidade. E, quando o tratamento só é possível com o uso de sêmen de doador anônimo, é comum que muitos homens não aceitem.
Agora, essa técnica de fertilização assistida auxilia no tratamento para engravidar de milhares de casais que antes teriam que recorrer a um banco de sêmen como, por exemplo, nos casos de homens que possuem uma quantidade muito baixa de espermatozoides.
Esse procedimento possibilitou o início das pesquisas que tinham o propósito de estudar diretamente os gametas e embriões (Diagnóstico Genético Pré-Implantacional).
Com o passar do tempo, novas indicações surgiram para a injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI), como utilizar espermatozoides provenientes do epidídimo e do testículo, para então realizar o sonho de tantos casais de ter filhos.
Qual a diferença entre FIV convencional e FIV com ICSI?
É comum que os pacientes tenham dúvidas sobre a diferença entre a fertilização in vitro (FIV) clássica ou convencional e a injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI).
Apesar de ambas as técnicas serem consideradas de alta complexidade da reprodução assistida e realizadas no laboratório de FIV, a forma na qual óvulo e espermatozoide se encontram são diferentes.
Na FIV convencional, após a coleta dos óvulos da mulher e da coleta e preparo do sêmen do homem, óvulos e espermatozoides selecionados são colocados juntos em uma placa de Petri com meio de cultura apropriado. Então, os espermatozoides mais rápidos e com melhor potencial de fertilização migram em direção aos óvulos para penetrá-los e formar os pré-embriões ou zigoto.
Já na FIV com ICSI, o embriologista manipula os gametas de forma segura e apropriada, introduzindo um espermatozoide dentro de um óvulo, com o uso de uma micropipeta. Depois, o óvulo já fertilizado é colocado em meio de cultura para se desenvolver e formar o embrião.
Desse modo, as chances de sucesso do tratamento são maiores com a aplicação da ICSI nos casos de infertilidade masculina relacionados a:
- Oligospermia (baixa contagem de espermatozoides).
- Azoospermia (ausência de espermatozoides no sêmen).
- Defeitos no cromossomo Y.
- Vasectomia.
Como funciona a injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI)?
Somente depois que a investigação da infertilidade conjugal é concluída, o especialista pode chegar a um diagnóstico correto e selecionar a técnica a ser utilizada.
Para que o especialista e a clínica de fertilização assistida possam realizar a técnica de injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI), é necessária uma completa cooperação do casal em todas as fases do tratamento.
O tratamento é composto por 7 etapas, a seguir, conheça cada uma delas:
1. Estimulação Ovariana
Geralmente, a estimulação dos ovários inicia em conjunto com o ciclo menstrual da mulher, onde são aplicadas medicações injetáveis diárias para estimular o desenvolvimento dos folículos e de uma quantidade maior de óvulos. O especialista em reprodução humana estabelece a dosagem das medicações, de acordo com o resultado dos exames da paciente e o seu perfil, de modo a individualizar o esquema medicamentoso para o melhor resultado possível. Nesse período, realizamos ultrassonografias para acompanhar a resposta dos ovários às medicações, com intervalos a depender da avaliação médica. Quando os folículos atingem cerca de 18mm, a paciente faz uso de uma outra medicação para induzir a ovulação, com aspiração dos óvulos (oócitos) cerca de 36 horas depois.
2. Aspiração Folicular
Esse é o momento de coletar os óvulos, para tanto, é necessário a paciente estar em jejum (8 horas). Um anestesista, que também estará presente durante a realização do procedimento, aplicará uma sedação leve, para que a paciente não sinta nenhum tipo de desconforto. O especialista em reprodução humana assistida introduz uma agulha fina de punção, acoplada ao aparelho de ultrassom, na vagina da paciente até os ovários para alcançar os folículos e assim puncionar os óvulos da paciente. Todo o procedimento dura em média 20 minutos e logo depois a paciente repousa até a recuperação plena após sedação. Toda a estrutura do centro cirúrgico da Fertivitro foi planejada para tornar o procedimento o mais seguro possível e seguindo todas as normas sanitárias vigentes, a fim de que a paciente tenha uma ótima recuperação após o procedimento.
3. Identificação dos Oócitos (Óvulos)
Durante o procedimento de aspiração folicular, cada óvulo aspirado é entregue ao embriologista para avaliar a integridade e maturidade do gameta feminino e então selecionar aqueles que serão fertilizados em laboratório.
4. Processamento Seminal
A coleta do sêmen ou amostra seminal é realizada por meio de punção testicular ou do epidídimo. Logo depois, o biomédico realiza o processamento seminal e faz a seleção dos espermatozoides com melhor potencial de fertilização.
5. Injeção Intracitoplasmática de Espermatozoide (ICSI)
No laboratório de FIV, cada espermatozoide selecionado é introduzido dentro do óvulo, através de uma micropipeta acoplada a um microscópio invertido. Depois, os óvulos já fertilizados são colocados em meio de cultura com a finalidade de se desenvolver e formar os pré-embriões ou zigoto.
6. Cultivo de Embriões
Depois da ICSI, inicia-se o cultivo embrionário ou desenvolvimento dos embriões em meio de cultura apropriado. Nesse período, os embriologistas acompanham o tempo e as divisões celulares de cada embrião, que podem ser cultivados até o D3 (estágio de clivagem) ou D5 (estágio de blastocisto). É quando o material é observado a fim de que sejam selecionados os melhores embriões para transferência, ou seja, aqueles que apresentam maior potencial de implantação.
7. Transferência Embrionária
É a última etapa do processo e geralmente ocorre após, no máximo, 5 dias da aspiração folicular no laboratório de FIV. O embrião ou embriões selecionados são transferidos para o endométrio (camada interna do útero) por meio de um cateter. Durante o procedimento, a mulher não sente dor e, após a transferência, repousa por aproximadamente 20 a 30 minutos.
Para mulheres com até 37 anos, podem ser transferidos até 2 embriões, enquanto para mulheres com mais de 37 anos, até 3 embriões. Quando houver embriões excedentes, esses podem ser congelados para uso futuro ou doação.
Normalmente, o teste de gravidez Beta hCG é realizado 14 dias após a transferência embrionária para confirmar a gravidez.
Quais as chances de sucesso da injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI)?
Nos tratamentos tanto de FIV como de ICSI, as taxas de gravidez ou chances de sucesso, a depender da idade da mulher e dos fatores de infertilidade envolvidos, podem ultrapassar os 50% por tentativa.
A partir dos 35 anos, a mulher tem uma queda progressiva na sua taxa de fertilidade, isto é, uma redução na quantidade e qualidade dos seus óvulos, fato que impacta diretamente na qualidade do embrião e no sucesso do procedimento.
Para se ter uma ideia, estatisticamente a chance de sucesso de uma FIV ou ICSI em mulheres com menos de 35 anos se situa ao redor de 50%, enquanto nas mulheres com mais de 40 anos fica entre 20 e 25%.
Tanto a qualidade dos óvulos, assim como a qualidade dos espermatozoides se refletem na qualidade dos embriões formados. Portanto, fatores masculinos de infertilidade também podem influenciar na qualidade dos embriões e nas taxas de implantação.
Entretanto, ainda que esses fatores exerçam influência nos resultados, as possibilidades de um casal conseguir ter filhos por meio de tratamentos de reprodução humana assistida, como a injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI), são muito maiores do que engravidar de forma natural.
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