A sociedade precisa estar preparada e respeitar as novas formas de conceber filhos e entender a importância da fecundação feita em laboratório para realizar o sonho de formar famílias
Por Ana Rosa Detilio Monaco*
Os acelerados avanços tecnológicos no campo da medicina reprodutiva foram impulsionados por diversos e novos fatores que, ao longo das últimas décadas, estão levando a população à necessidade de várias reformulações de valores sociais, principalmente no que tange as atuais e possíveis constituições familiares. Tal tema vem sofrendo transformações há algumas décadas e as sociedades buscam formas de se adequar a tais mudanças, para poder formar uma família, mesmo que diferente dos modelos tradicionais.
A reprodução assistida é uma das maiores precursoras dessa evolução acelerada, pois foi por este trajeto que o primeiro ser humano teve a possibilidade de vir ao mundo, com a fertilização em in vitro, fecundação feita um laboratório, na Inglaterra em 1978, e no Brasil em 1984. Este percurso evoluiu muito nos últimos anos e não irá parar por aí.
Hoje vemos o quanto as famílias estão cada vez mais diversificadas e distantes do modelo nuclear de pai, mãe e filho “biológico”. Atualmente, temos várias novas formações como: famílias monoparentais (mulheres ou homens chefes de famílias sem companheiros); novos casamentos em que casais levam seus filhos de relações anteriores e famílias homoafetivas, compostas por pessoas do mesmo sexo e que não abdicam do direito de terem filhos.
A possibilidade de utilizar óvulos e/ou espermatozoides ou embriões doados, para pessoas que não dispõem da realidade de utilizar suas próprias células, por diversas condições clínicas, é um caminho para estes desejosos pais gerarem seu sonhado filho, pois podem acompanhar o período da gestação e os primeiros momentos de vida do bebê, reconsiderando o significado de ser pai ou mãe, em que o afeto se mostra mais valioso do que a consanguinidade. A reprodução humana apresenta esta oportunidade, mas também nos coloca a responsabilidade de reformular conceitos enraizados do que, até então, entendemos como família.
A Psicologia sabe que a mais importante forma de relação afetiva indicada para um adequado desenvolvimento emocional não está configurado em consanguinidade e sim no amor e cuidado legítimo que se possa oferecer ao filho.
É preciso que toda a sociedade receba estas pessoas com respeito, por se tratar de novos arranjos familiares. Sabemos que novos modelos demandam mudanças na forma de pensar, porque estamos diante de importantes fenômenos sociais e que não podem ser ignorados, mesmo para os que não estão envolvidos pessoalmente com as técnicas e situações. Temos a responsabilidade de possibilitar um mundo saudável para estas pessoas que estão vindo por novos caminhos. Por mais que estejamos vivendo uma realidade de rápidas mudanças, ter filhos continua sendo, para a maioria das pessoas, parte de um projeto de vida muito importante.
A Psicologia se preocupa e tem se debruçado de forma intensa a acolher e auxiliar as pessoas que vivem esta realidade. Hoje temos recursos na literatura, experiências por acompanhar casos reais e já possuímos possibilidades de reflexões que, com certeza, proporciona um terreno saudável para estas novas constituições familiares. Nós da Fertivitro estamos consciente de nossas responsabilidades, já que oferecemos estes tratamentos, não permitindo que os pacientes percorram sozinhos um novo caminho e sem referências, e oferecendo o devido apoio dentro do que é possível.
* Ana Rosa Detilio Monaco é psicóloga da Fertivitro — Centro de Reprodução Humana.
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