Por Ana Rosa Detilio Monaco*
Todas as pessoas envolvidas em um tratamento de reprodução humana têm o desejo de que o procedimento dê certo, isto se refere tanto aos pacientes quanto ao médico e à equipe, mas, infelizmente, nem sempre é assim.
Quando o paciente chega à clínica, ele vem cheio de expectativas positivas, assim como deve ser, mas sabemos que as técnicas são limitadas e que não há garantia de sucesso. Essa possibilidade é apresentada pelo médico ao paciente no início do tratamento, mas é humano nos apropriarmos mais daquilo que faz sentido para nós e, às vezes, nós não incorporamos verdadeiramente algumas informações.
Do ponto de vista psicológico, quando fazemos um investimento importante em nossas vidas, neste caso, mais complexo ainda, pois estamos falando “do filho”, tendemos a acreditar que irá dar certo, pois o desejo e empenho são grandes. E pensamos: “se eu fizer tudo certo, vai dar certo”. O paciente, então, direciona todas as suas energias, tempo e dinheiro para que o tratamento tenha sucesso e o resultado seja positivo, e esperamos que isto aconteça.
Existe outra questão importante a ser abordada sobre o tema. A referência que temos, é que os filhos vêm ao mundo de forma natural, na intimidade de um casal com o ato sexual. A reprodução humana desorganiza esta informação e coloca o casal diante de uma realidade desconhecida: várias pessoas passam a fazer parte do projeto do filho, da intimidade do casal e também do resultado do tratamento. Não quero negar a responsabilidade que o médico e a clínica têm frente ao tratamento, da qualidade a ser oferecida a quem procura esta ajuda.
Porém, o que surge, muitas vezes, após um resultado negativo, é a necessidade de se encontrar um culpado para o fracasso. Aqui, nós nos deparamos com uma questão importante da humanidade, enfrentar as nossas limitações ou da vida e culpar alguém, torna-se menos doloroso. Geralmente, em casos negativos de tratamento de reprodução humana o culpado é o médico, pelo fato de ele ter o conhecimento científico do processo e passar a fazer parte da vida e do sonho do paciente, ocupando um lugar de confiança e expectativa. O médico deve estar muito consciente deste papel no percurso do tratamento, sendo muito cuidadoso diante de sua função. As técnicas de reprodução humana evoluíram muito nos últimos anos, mas ainda são limitadas, pois a medicina não tem total domínio do tema e, algumas vezes, não tem a resposta que um paciente deseja ouvir para explicar porque não deu certo. Este, geralmente, é o momento de achar um culpado, pois o paciente não entende o fato de não ter uma resposta para o fracasso. Outro fator comum é a própria mulher se culpar porque ela não engravidou. Muitas acabam acreditando que tem essa responsabilidade por ser a portadora do útero.
O papel do psicólogo é fundamental nessa situação, pois temos recursos para oferecer suporte aos pacientes em sua dor e os ajudar a organizar as realidades que a reprodução humana os expõe. Lidar com o resultado negativo com o auxílio de um especialista fica mais fácil de entender e viver.
* Ana Rosa Detilio Monaco é psicóloga da Fertivitro — Centro de Reprodução Humana.
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