Profissões de risco afetam a qualidade seminal

Homens que trabalham em contato com calor excessivo, metais pesados, solventes orgânicos, radiação, e que se submetem à atividade física em excesso e ao estresse podem apresentar baixos parâmetros de sêmen e infertilidade

Por Aline de Cássia Azevedo*

Os efeitos do ambiente e das atividades ocupacionais na Reprodução Humana têm sido o foco de interesse de muitos pesquisadores. Problemas de infertilidade ocorrem nos países industrializados e, aproximadamente, em 10% a 15 % dos casais que querem ter filhos.
Muito se fala de mulheres que adiam a gravidez, em busca de seu sucesso profissional e suas realizações pessoais e, no futuro, apresentam infertilidade. Com o homem não é diferente, determinadas atitudes comportamentais influenciam diretamente a fertilidade masculina, sejam seus hábitos de vida ou o meio em que atuam. Um dos casos mais comuns é o impacto negativo desses comportamentos na qualidade do sêmen.
Algumas atividades ocupacionais do homem são realizadas em ambientes adversos à saúde reprodutiva. Entre os fatores que comprometem a qualidade seminal, destacam-se: calor excessivo, metais pesados, solventes orgânicos (presentes em tintas), radiação, atividade física em excesso e estresse.
Como situação de risco à fertilidade masculina, podemos citar, por exemplo, os profissionais que convivem em ambientes com alto nível de estresse como a bolsa de valores; ou os atletas que precisam comprovar alto desempenho pela atividade física excessiva; os pintores, que ficam expostos diariamente a vapores tóxicos; os funcionários que trabalham com metais pesados provenientes da produção industrial; os atuantes nas indústrias química e nuclear que lidam com a radiação ionizante; os agropecuaristas, que tratam com agrotóxicos, pesticidas e hormônios presentes na alimentação do gado e do frango; pessoas que manuseiam fornos, devido ao convívio em ambiente com altas temperaturas;e até mergulhadores de elevada profundidade, devido à temperatura e pressão atmosférica.
Além das profissões que interferem negativamente na qualidade seminal, também é possível citar alguns hábitos de vida. O tabagismo pode comprometer a motilidade dos espermatozoides. O álcool em excesso produz alterações na esteroidogênese — produção de hormônios —, o que leva à diminuição da concentração de espermatozoides. Drogas ilícitas como maconha e cocaína também têm ação prejudicial sobre a espermatogênese. Além disso, o uso frequente de laptop (computador portátil) no colo pode provocar o aumento da temperatura dos testículos e produzir efeito negativo nos padrões seminais.
Os parâmetros do sêmen podem piorar em várias circunstâncias, entretanto, a determinação da causa não é encontrada facilmente apenas em condições clínicas, há necessidade da realização de exames complementares como o espermograma — que avalia a qualidade e quantidade dos espermatozoides, por meio da análise do formato e mobilidade dos espermatozoides — e exames hormonais em geral. Muitas vezes, o homem só tem conhecimento sobre os problemas que afetam o sêmen quando a sua parceira não consegue engravidar, após um ano de tentativas.
Na identificação de um dos fatores relacionados à profissão ou aos hábitos de vida, recomenda-se o acompanhamento da qualidade do sêmen. No caso de piora progressiva, indica-se o congelamento do sêmen para a realização de tratamento de reprodução humana.
Atualmente, existem dois procedimentos para o tratamento de infertilidade a partir de sêmen congelado: Inseminação Intrauterina (IIU), que consiste em selecionar os melhores espermatozoides e colocá-los dentro do útero, para facilitar o encontro do óvulo com os espermatozoides; e a fertilização in vitro, em que a fecundação dos gametas (óvulos e espermatozoides) é feita em laboratório.
Mais informações relacionadas à reprodução assistida estão nos canais da Fertivitro:
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* Aline Azevedo, phD – embriologista e coordenadora do Programa Opportunity da Fertivitro — Centro de Reprodução Humana. A especialista recebeu o Prêmio Jovens Cientistas em Paris.

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