Miomas podem causar infertilidade

Tumor benigno

Aqueles que invadem ou alteram a cavidade uterina são os que geram risco para a gestação
 Por Dra. Fernanda Coimbra Miyasato e Dr. Luiz Eduardo Albuquerque* 

Mioma é um tumor benigno formado por tecido muscular, que se desenvolve nas paredes do útero. Existem três tipos: intramurais, submucosos e subserosos. Os intramurais crescem no interior da parede uterina e fazem com que o útero exceda o seu tamanho normal; os subserosos se localizam na parede externa do útero, chamada de camada subserosa; e os submucosos se localizam mais profundamente, invadindo a cavidade do útero, chamada cavidade endometrial, e podem aumentar o volume do fluxo menstrual. Os miomas subserosos e intramurais, na maioria das vezes, não precisam ser extraídos, a não ser quando causam sintomas de compressão, desvio ou invasão da cavidade uterina. É válido ressaltar que mioma não é câncer, é um tumor benigno e sua malignização é extremamente rara e geralmente é acompanhado de crescimento rápido e de degeneração.
Não se sabe ao certo a causa dos miomas, apenas que são tumores estrogênio-dependentes e que aparecem em decorrência de alterações em células musculares do útero, em pacientes com predisposição genética. Histórico familiar, etnia (raça negra, principalmente), nuliparidade (mulheres que não têm filhos), obesidade, anovulação crônica (ausência de ovulação), diabetes e hipertensão arterial são outros fatores de risco para a doença.
Mulheres afro-americanas, aos 35 anos, têm uma chance de 60% de apresentar miomas, a incidência aumenta para 80% aos 50 anos. Mulheres brancas (caucasianas), por sua vez, representam uma incidência de 40%, aos 35 anos, e quase 70%, aos 50 anos.
Os miomas que invadem, alteram a cavidade uterina ou obstruem as tubas podem causar dificuldade para engravidar e também dificultar a manutenção da gravidez. Nesses casos, as pacientes têm menores taxas de gestação, implantação e parto nos tratamentos de reprodução assistida. De maneira geral, os miomas estão associados à disfunção reprodutiva em 5% a 10% dos casos, mas como a única causa de infertilidade em apenas 1% a 3%. 
Cerca de 75% das pacientes com miomas são assintomáticas. Os sinais e sintomas quando presentes compreendem: sangramento excessivo no período menstrual ou fora da menstruação, massa pélvica, compressão na bexiga e no intestino, infertilidade, cólicas durante a menstruação ou até mesmo fora dela, além de dores lombar e durante o ato sexual. 
Nas mulheres sintomáticas com infertilidade, levamos em conta o tamanho e a localidade dos miomas para indicarmos cirurgia prévia ao tratamento de reprodução assistida. Nos miomas de localização submucosa, a cirurgia indicada é por via histeroscópica (realizada pela via vaginal por dentro do útero com o auxílio do vídeo). Os miomas de grande volume (de 5 cm a 7 cm), a técnica cirúrgica mais adequada é por via laparoscópica (realizada por vídeo através de um pequeno corte na região do umbigo). É importante salientar que para retirar os miomas muito grandes, poderá ser necessária a cirurgia convencional, realizada por corte abdominal igual a cesárea. A retirada do útero somente está indicada para as pacientes com prole constituída ou nos casos graves de hemorragia refratária ao tratamento clínico ou, ainda, naqueles de crescimento rápido com suspeita de malignização.
* Dra. Fernanda Coimbra Miyasato é ginecologista, especialista em Reprodução Assistida, da Fertivitro — Centro de Reprodução Humana.
 * Dr Luiz Eduardo Albuquerque, ginecologista, especialista em Reprodução Assistida, é diretor da Fertivitro — Centro de Reprodução Humana
Mais informações no site da Fertivitro: www.fertivitro.com.br
 

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