Apesar de afetar a fertilidade do homem, é possível ser pai e reverter a doença com cirurgia ou tratamento de reprodução assistida
Por Aline de Cássia Azevedo*
Varicocele é a dilatação anormal das veias dos testículos, que prejudica o fluxo sanguíneo local e a troca de nutrientes, o que leva a um acúmulo de substâncias tóxicas e aumento de temperatura na região testicular. Esses fatores podem provocar alterações na quantidade (oligozoospermia)e na qualidade (teratozoospermia) dos espermatozoides.
A doença manifesta-se em, aproximadamente, 15% da população geral, incluindo adolescentes e adultos, em 35% dos homens com infertilidade primária, e em 80% dos homens com infertilidade secundária. Não se observa preponderância racial. E, embora seja uma das principais causas da infertilidade masculina, a varicocele não provoca distúrbios da potência sexual.
Os sintomas incluem: dor, sensação de peso e atrofia (diminuição) nos testículos, infertilidade e aumento visível das veias testiculares podendo até ser palpável.
A elevação da temperatura escrotal é o fator mais reconhecido para explicar os efeitos da varicocele sobre a espermatogênese (formação dos espermatozoides). Em pacientes normais, a temperatura intraescrotal encontra-se de 0,6°C a 0,8 °C abaixo das temperaturas intraescrotais de pacientes com varicocele. Em pacientes com contagem pré-operatória de espermatozóides inferior a 50 milhões/ml e contagem pós-operatório superior a 50 milhões/ml, observou-se diminuição de 0,5 °C na temperatura escrotal. Portanto, fica evidente o aumento da temperatura na varicocele e sua influência na formação dos espermatozoides.
O diagnóstico da varicocele é feito pelo exame físico que aumenta a pressão abdominal, como tossir e movimentos com força física, fazendo com que as veias inchem e o médico possa apalpá-las. Para auxiliar e confirmar a análise, também são realizados exames de imagem como ultrassonografia, cintilografia dos testículos, que mostra a forma e função dos órgãos e, ainda, o Eco Doppler, no qual é possível verificar se realmente há refluxo de sangue, além de conseguir medir a intensidade desse refluxo.
A varicocele pode afetar a espermatogênese independente das condições de fertilidade do paciente. Homens com varicocele podem apresentar alterações na qualidade do sêmen, como diminuição da motilidade, considerado mais frequente, e da morfologia. A correção cirúrgica da varicocele pode melhorar estes parâmetros.
O tratamento é cirúrgico. O objetivo da intervenção é a interrupção total da drenagem da veia espermática interna, o canal deferente e os suprimentos sanguíneos e linfáticos do cordão espermático. Trata-se de uma cirurgia simples, realizada sob anestesia raquidiana ou peridural, por meio de dois pequenos cortes na região pubiana, em que é feita a ligadura das veias acometidas. Requer curto período de internação e, em poucos dias, o paciente retoma suas atividades normais.
Há relatos que a correção cirúrgica da varicocele melhora a espermatogênese em 50% a 80% dos pacientes, e 30% a 40% deles estabelecerão uma gravidez após o procedimento.
Se tratada corretamente e no momento adequado, a varicocele não é considerada uma doença grave. O diagnóstico precoce e controle médico periódico são fatores importantes para a manutenção da qualidade de vida do homem.
Infertilidade
A infertilidade é a causa mais comum para a correção da varicocele. E a cirurgia é a principal alternativa para o tratamento.
Para os homens que não apresentam melhora na fertilidade após a intervenção cirúrgica e pretendem ser pais, sugere-se o tratamento de reprodução assistida (RA), de acordo com o tipo de complexidade apresentada pelo paciente. Para os casos de baixa complexidade, indica-se a Inseminação Intrauterina (IIU), que consiste em selecionar os melhores espermatozoides e colocá-los dentro do útero, para facilitar o encontro do óvulo com os espermatozoides; para os casos de alta complexidade, indica-se a fertilização in vitro, em que a fecundação dos gametas (óvulos e espermatozoides) é feita em laboratório.
* Aline Azevedo, ph.D. – embriologista e coordenadora do Programa Opportunity da Fertivitro — Centro de Reprodução Humana. A especialista recebeu o Prêmio Jovens Cientistas em Paris.
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