A máxima do “você é o que você come”, ganha mais força após dois estudos apresentados, nesta semana, no Encontro Anual da American Society for Reproductive Medicine, em Orlando, nos EUA. Os estudos mostram uma associação entre o tipo de dieta para com a mobilidade dos espermatozóides, e a quantidade destes no sêmen masculino.
O primeiro estudo, mostrou que dietas ricas em carne vermelha e carboidratos refinados, prejudicam a capacidade de movimentação dos espermatozóides. Já o segundo estudo, constatou que dietas ricas em gorduras trans, parecem diminuir a quantidade de espermatozóides encontrados no sêmen.
No primeiro estudo, liderado por Audrey J. Gaskins, doutoranda na Harvard School of Public Health, em Boston-EUA, e que que contou com a participação de pesquisadores da University of Rochester, em Nova Iorque-EUA, e da Universidad de Murcia, na Espanha, foram aplicados questionários alimentares com 188 homens entre idades de 18 e 22 anos, que foram recrutados em Rochester. A dieta dos participantes foi categorizada em dois grupos, o primeiro chamado de “Ocidental” (que incluía carne vermelha, carboidratos refinados, doces e bebidas energéticas), e o outro chamado de “Prudente” (composto por peixes, frutas, verduras, legumes e todo grãos).
Mesmo após ajustes para uma ampla gama de fatores, tais como consumo de álcool, idade, etnia, tabagismo, IMC, ingestão de cafeína e total de calorias consumidas, encontrou-se que pessoas que apresentavam uma dieta mais saudável, composta por uma maior ingestão de peixes, frutas frescas, grãos integrais, legumes e verduras (grupo Prudente), possuíam espermatozóides com melhor motilidade. Nos testes realizados no estudo, não foi encontrada correlação entre o tipo de dieta e uma forma ou quantidade diferenciada de espermatozóides.
No segundo estudo, liderado pelo Dr. Jorge Chavarro, professor assistente de nutrição e epidemiologia, também da Harvard School of Public Health, revelou que homens que comem dietas que contêm uma quantidade relativamente alta de gordura trans, apresentaram níveis mais baixos de concentração de espermatozóides. Além disto, ocorreu um aumento na quantidade de gordura trans encontrada nos espermatozóides e no sêmem.
O estudo avaliou quase 100 homens, os quais foram submetidos a uma análise da sua nutrição e da qualidade do seu sêmen. Após ajustes para uma ampla gama de fatores, como no primeiro estudo, os pesquisadores conseguiram observar que quanto maior era o consumo de gordura trans, menor era a concentração de espermatozóides no esperma do indíviduo. O estudo não encontrou uma relação entre ingestão de gordura trans e modificação do movimento dos espermatozóides.
O Dr. Edward Kim, professor da Escola de Medicina da University of Tennessee e presidente da Society for Male Reproduction and Urology, dos EUA, reagiu a ambos os estudos com entusiasmo e cautela. Ele acredita que a pesquisa é certamente muito sugestiva, mostrando que a alimentação pode ter um impacto muito grande sobre a infertilidade masculina. Mas ele faz uma ressalva, dizendo que mais pesquisas são necessárias, sendo estas com um maior número amostral, para que possa chegar a conclusões definitivas.
“Os dois estudos, somado a outros estudos anteriores, nos apontam numa direção onde um estilo de vida saudável (dieta + prática de atividades físicas), pode estar correlacionado com um esperma de melhor qualidade”, acrescentou Kim.
Fonte: site Procuramed, em 19/10/2011.
http://www.procuramed.com/maissaude/alimentacao/dieta-pode-afetar-mobilidade-dos-espermatozoides-e-a-qualidade-do-semem