Doença pode causar a síndrome do ovário policístico
Por Maria Cecília R. M. Albuquerque*
A obesidade é considerada, atualmente, uma epidemia mundial e inúmeras doenças podem ser causadas ou agravadas em consequência dela, como exemplo: o diabetes, as doenças cardiovasculares, a hipertensão arterial, a apnéia do sono, a depressão, e também a infertilidade.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, a obesidade e o excesso de peso (IMC maior ou igual a 25 kg/m²) atingem 30% das mulheres brasileiras em idade reprodutiva (16 a 45 anos). No Reino Unido, a obesidade afeta um quinto da população feminina, sendo que 18,3% encontram-se em idade reprodutiva.
Os efeitos negativos da obesidade na reprodução humana são amplamente discutidos, como dificuldade para engravidar, maior prevalência de infertilidade feminina e masculina, abortos naturais, má resposta aos tratamentos de infertilidade, além de maior predisposição a complicações obstétricas.
Estar acima do peso gera problemas hormonais anormais que afetam o processo reprodutivo. Existe uma relação entre a obesidade e a alteração da produção de insulina, liberada pelo pâncreas, que pode levar a uma condição de infertilidade, conhecida como Síndrome do Ovário Policístico (SOP). Essa moléstia acomete de 5% a 7% das mulheres e está associada a ciclos menstruais irregulares, anovulação (diminuição ou parada da ovulação) e níveis elevados de hormônios masculinos, diminuindo, dessa forma, as chances de gestação.
O excesso de gordura corporal influencia, ainda, a produção do hormônio liberador de gonadotropina (GnRH), essencial para regular a ovulação nas mulheres. Especificamente, o GnRH provoca a liberação do hormônio luteinizante (LH) e hormônio folículo estimulante (FSH), ambos fundamentais para o desenvolvimento de óvulos.
Num estudo recente, realizado por Robker RL¹ e colaboradores, mostra que, em mulheres obesas, o ambiente folicular se apresenta alterado. Descobertas recentes também revelam que os hormônios derivados do tecido adiposo influenciam diretamente a reprodução².
Com o objetivo de melhorar as taxas de gravidez, número de nascidos vivos e os resultados obstétricos gerais, as mulheres devem fazer parte de uma estratégia inicial que precede os tratamentos contra a infertilidade, como modificações no estilo de vida, incluindo atividade física, dieta e redução de peso.
1) Robker RL. Evidence that obesity alters the quality of oocytes and embryos. Pathophysiology 2008; 15(2):115-21.
2) Kirou I. Chronic stress, visceral obesity and gonadal dysfunction Hormones (Athens). 2008; 7: 287-93.
* Maria Cecília R. M. Albuquerque é embriologista da Fertivitro — Centro de Reprodução Humana.
Mais informações no site da Fertivitro: www.fertivitro.com.br