O Single Nucleotide Polymorphism (SNP), já disponível no Brasil, analisa as variações na sequência do DNA humano e identifica trissomias como a síndrome de Down, triploidias e pequenas duplicações e deleções cromossômicas, como a síndrome de Di George
Por Dra. Denise Maria Christofolini*
Para poder identificar doenças hereditárias e genéticas, como a síndrome de Down, hemofilia e distrofia muscular, ou uma malformação fetal antes do embrião se desenvolver e, em alguns casos, resolver o problema, e até evitar um aborto, os especialistas em reprodução humana realizam uma avaliação genética dos embriões antes da transferência para o útero materno – o PGD (Preimplantation Genetic Diagnosis), em português conhecido como Diagnóstico Genético Pré-implantacional, ou PGS (Preimplantation Genetic Screening).
Esses exames são indicados para as pacientes acima de 35 anos, que irão iniciar uma gestação, ou para aquelas que apresentam riscos de doenças devido à herança genética familial. Existem diversas técnicas utilizadas para realizar este tipo de exame, entre as mais populares são: Hibridização Fluorescente in Situ (FISH), Reação em Cadeia de Polimerase (PCR) e a Hibridização Genômica Comparativa Array (CGH).
A técnica de FISH, também denominada PGD de primeira geração, foi a primeira utilizada para avaliar apenas alguns dos 24 tipos diferentes de cromossomos, geralmente os cromossomos 13, 18, 21, X, Y e algumas vezes o 16 e o 22. Apesar de não detectar anomalias gênicas, o exame revela a trissomia do cromossomo 13 (síndrome de Patau), trissomia do cromossomo 18 (síndrome de Edwards), trissomia do cromossomo 21 (síndrome de Down), síndrome de Turner e a síndrome de Klinefelter.
Já o CGH array é a técnica de PGD de segunda geração. A partir dela, tornou-se possível a análise dos 24 tipos de cromossomos, que podem estar presentes no cariótipo embrionário. Esta técnica identifica perda e ganho de material genético. Ela é importante para saber sobre a quantidade alterada de todos os cromossomos e porque identifica alterações pequenas, que também podem estar associadas aos abortos e problemas genéticos no bebê.
O Single Nucleotide Polymorphism (SNP) é um novo exame genético disponível para avaliar os embriões provenientes dos tratamentos de fertilização in vitro. É a terceira geração e a mais atual. A técnica se baseia na análise de polimorfismos genéticos, os SNP, que são variações na sequência do DNA humano. Estas variações estão dispostas por todo o genoma, em todos os cromossomos, tanto do embrião quanto dos pais. O exame consegue identificar os erros genéticos presentes no embrião e evitar que os bebês nasçam com síndrome de Patau, síndrome de Edwards, trissomia – síndrome de Down, síndrome de Turner e a síndrome de Klinefelter, associadas a alteração de um cromossomo inteiro, pequenas deleções como na síndrome de Di George e síndrome de Williams, triploidias, quando, por exemplo, um óvulo é fertilizado por dois espermatozoides. Além disso, permite que seja identificado o sexo do bebê.
Além disso, esta nova tecnologia em PGD utiliza amostras de DNA dos pais biológicos, que são usadas?? como referência para testar, interpretar e comparar o material genético do pai e da mãe, aumentar a precisão dos resultados, além de identificar, quando necessário, a origem do erro genético do embrião, se materna ou paterna. Isto permite que sejam melhoradas as estratégias reprodutivas para o casal.
O SNP array consiste de dois passos: a análise por microarray (ordenar moléculas de DNA) dos 24 cromossomos e por bioinformática, uma vez que milhares de dados são gerados. Os resultados possuem níveis de confiança maiores que 99% para o blastômero testado em mais de 85% das vezes.
Além disso, o SNP array também pode ser utilizado nos casos em que os pais são portadores de rearranjos cromossômicos estruturais (translocações e inversões) ou de mutações gênicas (como nas síndromes de Marfan, distrofias musculares, talassemias) que se deseja evitar no embrião.
Um estudo comparativo realizado com 8.816 embriões analisados em biópsia demonstrou que, dos 2.492 diagnosticados como euploides pelo array CGH, 213 seriam na verdade aneuploides. Neste estudo, o SNP array poderia identificar até 8,5% a mais de alterações não diagnosticadas pelo array CGH. Embriões que demostraram ser normais pela ténica de CGH e seriam transferidos, podem ter alterações cromossômicas que resultam em falha de implantação e abortamento.
Muitos estudos demonstram a superioridade técnica do SNP array para a análise de desequilíbrios genéticos e o colocam como uma nova alternativa para avaliação embrionária. Esta técnica já está disponível para pacientes brasileiras.
* Dra. Denise Maria Christofolini é geneticista, especialista em Reprodução Assistida, parceira da Fertivitro — Centro de Reprodução Humana.
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