Tratamento de reprodução humana ajuda a salvar a vida de irmãos mais velhos com doenças genéticas
Por Ana Rosa Detilio Monaco*
Como falamos anteriormente, a medicina reprodutiva apresenta diversas formas de auxiliar famílias a realizarem o sonho de ter um filho. Mas a sua evolução tem ultrapassado o objetivo de conseguir apenas uma gravidez. Como exemplo, podemos citar o exame de PGD ou PDI (Diagnóstico Pré-implantacional), uma técnica da reprodução assistida que possibilita diagnosticar alterações genéticas hereditárias em um casal, antes da implantação do embrião, para que seja possível obter uma gestação sem que os filhos nasçam com doenças hereditárias. Por meio deste exame é possível diagnosticar mais de 300 doenças genéticas e excluir algumas delas.
Outro benefício gerado pela técnica de PDI é a sua utilização para curar irmãos mais velhos portadores de doenças genéticas. Isso significa que casais que tenham um filho com alguma anomalia cromossômica e que necessitem de alguém com compatibilidade genética para futura doação de células e tratamento da doença, a possibilidade de tentar uma gestação com a ajuda da fertilização in vitro, com o uso do exame PDI, é bastante viável, pois a concepção é feita com a seleção prévia de embriões. Tecidos, sangue, parte da medula óssea ou cordão umbilical podem ser usados, algum tempo após o nascimento, em transplantes para tratar ou curar os filhos que nasceram anteriormente com algum problema genético.
O amor acima de tudo
A Psicologia olha para esta atual possibilidade com certo cuidado, pois ter um filho para somente salvar um irmão doente deixa de ser saudável, porque esta criança não pode vir a existir apenas com este objetivo. Se assim for, este novo ser humano terá uma função heroína e carregará uma missão que talvez não possa suportar por toda a sua existência.
Tanto os pais quanto as clínicas devem tratar este recurso com responsabilidade. Ter um filho é para sempre e ele precisa sentir-se amado e protegido independente de sua missão de ajudar um irmão, que pode, sem dúvida, ser algo muito bom na vida de todos os envolvidos, desde que haja consciência do que está sendo feito. Adotar o tratamento é só uma possibilidade, porque na realidade não há garantias do sucesso. É importante que os pais desejem muito outro filho, como foi o primeiro, para se somar à família.
Quando uma criança vem ao mundo com funções específicas, fica comprometida a fazer com que o objetivo seja alcançado e como há a possibilidade de não dar certo, ela pode no futuro carregar o fardo do fracasso para sempre, o que acarreta muitos prejuízos psicológicos e relacionais com os pais e com a vida.
Portanto, ter um filho com esse propósito requer atenção, pare que ele possa vir ao mundo para ocupar um lugar legítimo nesta família que o deseja amar. Não podemos esquecer que a relação dos irmãos estará sendo construída a partir deste percurso e irá perdurar para sempre. A Fertivitro, por meio do trabalho que a psicologia oferece, busca acompanhar e dar suporte às famílias com essa realidade, pois nosso objetivo vai além de oferecer filhos. Nosso propósito é ajudar a construir uma linda história, mesmo que estas sejam marcadas por grandes lutas.
* Ana Rosa Detilio Monaco é psicóloga da Fertivitro — Centro de Reprodução Humana.
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