Por Maria Cecília R. M. Albuquerque*
Com os recentes avanços obtidos no processo da reprodução humana, já é possível congelar, armazenar, descongelar e fertilizar, com êxito, os óvulos humanos. O primeiro caso de gravidez com óvulo congelado e descongelado ocorreu em 1986, porém, somente há alguns anos, com o aperfeiçoamento dos protocolos de congelamento, os resultados se tornaram satisfatórios.
Infelizmente, o declínio da fertilidade feminina é um fator biológico e começa a partir dos 35 anos. Preservar a fertilidade é sinônimo de preservar os gametas (óvulos) em ótimo estado.
E para que isso se torne possível, as células têm que passar, necessariamente, por um processo de criopreservação. A técnica mais utilizada atualmente e com melhores resultados é denominada de vitrificação. Consiste em reduzir a temperatura do óvulo, de maneira súbita, de 22º C iniciais a -196º C finais, temperatura do nitrogênio líquido, passando primeiramente por uma solução com alta concentração de crioprotetor. Os agentes crioprotetores minimizam a formação de cristais de gelo e diminuem a intensidade da desidratação celular, e tem como função manter a viabilidade das células, aumentando a taxa de sobrevida dessas. Todo esse processo é realizado para que sejam evitados os danos causados durante o congelamento.
Os óvulos podem ser conservados indefinidamente e, quando a mulher decidir utilizá-los, estes serão descongelados, inseminados em laboratório e os embriões resultantes transferidos para o útero.
As indicações para utilização dessa técnica são mulheres saudáveis que, por motivos pessoais, desejam postergar a maternidade ou mulheres com algum tipo de câncer, que correm o risco de perder a fertilidade após a exposição a terapias citotóxicas como os tratamentos quimioterápicos, ou ainda, aquelas que estão sendo submetidas a tratamentos de infertilidade por meio da fertilização in vitro, e preferem congelar óvulos e não embriões, por motivos éticos ou religiosos.
Esse importante feito no campo da tecnologia da reprodução assistida oferece uma ferramenta valiosa e representa um futuro promissor para as mulheres que desejam preservar sua fertilidade.
* Maria Cecília R. M. Albuquerque é embriologista da Fertivitro — Centro de Reprodução Humana
Informações relacionadas estão no site da Fertivitro – www.fertivitro.com.br