Alternativas de tratamento ajudam pacientes com Síndrome dos Ovários Policísticos a engravidar


 Perda de peso, uso de medicamentos, coito orientado, inseminação intrauterina e fertilização in vitro são opções para uma possível gestação
 
Por Dr. Luiz Eduardo Albuquerque* 
 
Entendemos como Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) uma série de sinais e sintomas que alteram o metabolismo endócrino de uma mulher. Inicialmente descrita como Síndrome de Stein e Leventhal (1935) foi caracterizada pela presença da associação de ovários com aspecto policísticos, alterações menstruais, infertilidade, alteração da distribuição dos pelos (distribuição masculina) e obesidade.
O diagnóstico da SOP está baseado em critérios clínicos e exame ultrassonográfico, sendo classificado quando houver os seguintes sinais e sintomas: diminuição ou falta de ovulação, aumento dos pelos e alteração na sua distribuição e ultrassonografia com presença de inúmeros cistos de pequena dimensão (menor do que 10 mm), distribuídos na periferia do parênquima dos ovários.
Estima-se que a incidência da síndrome encontra-se entre 5% e 10% nas mulheres em idade reprodutiva, sendo a causa mais comum entre todos os distúrbios da ovulação.
É muito importante que o profissional responsável pelo tratamento exclua a possibilidade de existir outras doenças com sintomas e sinais semelhantes, tais como os tumores produtores de hormônios masculinos (androgênios), doenças da suprarrenal e outras síndromes.
Estudos mostram que a SOP está correlacionada com o aumento de risco de síndromes metabólica e cardiovascular. A metabólica é caracterizada por aumento dos triglicérides, diminuição do colesterol HDL, conhecido como “bom”, hipertensão arterial, intolerância a glicose e obesidade. Também está relacionada a doenças cardiovasculares, como: enfarte agudo do miocárdio, angina de peito (dor no peito), aterosclerose, AVC (acidente vascular cerebral), entre outras.
Pelo fato de as portadoras da SOP cursarem com a falta de ovulação, elas possuem uma produção contínua de estrogênio sem contraposição da progesterona (hormônio fabricado após a ovulação), o que eleva o riso de câncer de endométrio, em três vezes mais, quando comparadas com a população em geral.
O tratamento para infertilidade às mulheres com Síndrome dos Ovários Policísticos está baseado em dados clínicos e laboratoriais. Sabemos que nas pacientes obesas ou com sobrepeso é indicado perder peso. Estudos mostram que uma perda de 5% a 10% já resultaria em melhora do perfil lipídico, da pressão arterial e da resistência periférica à insulina (frequente nessas pacientes), diminuindo os efeitos provocados pela ação dos hormônios masculinos (androgênios). A perda de peso pode restaurar os ciclos ovulatórios e levar a uma gestação espontânea. Emagrecer depende de modificações nos hábitos de vida, como: dieta adequada, prática de exercícios físicos e, em algumas situações, uso de medicamentos.
No insucesso do tratamento clínico e sendo a SOP a única causa provável de infertilidade, iniciamos o Coito Orientado — relação sexual programada para o período fértil — com uso de medicamentos para conseguir a ovulação. Ao induzir a ovulação, sabe-se exatamente o período fértil da mulher e, portanto, deve-se intensificar as relações sexuais neste período.
Em alguns casos, como na presença de fator masculino leve, é possível utilizar outra técnica de baixa complexidade, chamada de Inseminação Intrauterina (IIU). Tal procedimento compreende fazer uma seleção dos melhores espermatozóides e colocá-los dentro do aparelho reprodutor feminino (útero e tubas), no mesmo dia da ovulação, provocando o encontro dos gametas (óvulo + espermatozóides).
Já a última alternativa, a Fertilização in vitro (bebê de proveta), fica restrita aos casais que não obtiveram sucesso nos tratamento de baixa complexidade ou que há outros fatores associados que indiquem um tratamento mais avançado.
É válido ressaltar que mesmo as portadoras de SOP que não desejam uma gestação, devem procurar pelo seu ginecologista, porque a infertilidade é apenas um dos vários efeitos que a paciente deve se preocupar.
* Dr Luiz Eduardo Albuquerque, ginecologista, especialista em Reprodução Assistida, é diretor da Fertivitro — Centro de Reprodução Humana
 Mais informações no site da Fertivitro: www.fertivitro.com.br

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